domingo, 24 de abril de 2016

5º Domingo da Páscoa: Reflexão de um leigo

Formiguinhas de Jesus

Paulo Flores*

A liturgia deste domingo é fantástica. O Evangelho (Jo 13, 31-33a.34-35) traz a síntese dos 10 mandamentos feita por Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. (Jo 13, 34).
Com um Evangelho de tamanha importância, de enorme significado, muitos tendem a reduzir a liturgia de hoje a esta leitura.
Ora, se as demais leituras não fossem importantes, elas não fariam parte da liturgia. As demais leituras não estão aí apenas “para cumprir tabela”.
É uma pena que até muitos pastores reduzam a liturgia de hoje ao Evangelho ou, simplesmente, não consigam (ou não queiram) fazer a ligação entre uma leitura e outra e ao tema central da liturgia, que é o amor que todos os cristãos devem transparecer com todos os seres, espalhando pelo mundo o Amor de Deus, o Amor que Ele tem para conosco.
Na primeira leitura (At 14, 21b-27), Paulo e Barnabé passam de cidade em cidade designando presbíteros para cada comunidade. Levando o Amor, transparecendo o Amor, eles dão responsabilidade aos pagãos, aos leigos para que eles desenvolvam as comunidades, transparecendo o Amor de Deus naquelas localidades.
Quando retornaram para o lugar de onde tinham partido, relataram com alegria que Deus “havia aberto a porta da fé para os pagãos”.
Neste ponto abro um primeiro hiato para uma primeira reflexão: Nossos dirigentes religiosos andam de “cidade” em “cidade” transparecendo o Amor? Criam novas comunidades? Estabelecem lideranças e as empoderam?
E, já entrando na segunda leitura (Ap 21,1-5a), que nos lembra que este mundo é a morada de Deus; que Jesus esteve conosco aqui nesta terra e nos fez seu povo, nos fez “Povo de Deus”. Esta leitura profetiza: “Eis que faço nova todas as coisas”, “a Morte não existirá mais, não haverá mais luto, nem choro, nem dor”.
Nós, cristãos, Povo de Deus, que tanto desejamos que nossos líderes religiosos nos empoderem, nós assumimos responsabilidades pelas/nas comunidades? Estaríamos dispostos a, em qualquer lugar que estejamos, transparecer o Amor para qualquer pessoa, independentemente de seu credo, sua cor, sua ideologia, de sua classe social...? Estaríamos dispostos a desenvolver uma nova sociedade, novas comunidades que transparecem o Amor? Estaríamos dispostos a, como Cristo nos pediu, “fazer novas todas as coisas”?
Em dias de tanta intolerância, como os que vivemos em nosso país e em várias partes do mundo, esta é uma importante reflexão.
Por fim (e não menos importante), temos o Salmo (Sl 144/145). Infelizmente, em muitas comunidades, grupos de canto nada litúrgicos trocam o salmo por outro “mais atraente”. Às vezes, sem saber, acabam por corromper a liturgia. Mas, vejam o significado do salmo de hoje, com o qual sintetizo esta reflexão.
O Salmo 144(145) nos lembra que todos nós (Povo de Deus), sejamos leigos, ministros ordenados, religiosos(as) e até mesmo “pagãos”, devemos bendizer o nome de Deus para sempre. O Salmo nos lembra que “o Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura”. Lembra-nos que todos nós, empoderados pelo Espírito Santo (mesmo que não pelos dirigentes religiosos – Jesus também não o foi) temos que proclamar o poder (Amor) de Deus e espalhar os prodígios Dele. Todos devemos ser “formiguinhas do Amor” e carregá-Lo em nossa caminhada cotidiana. Em todos os lugares onde estivermos.

* Jornalista; leigo; católico; casado; pai.

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